3.9.10

500. Do Livro do Desassosssego - XX

Como todo o sonhador, senti sempre que o meu mister era criar. Como nunca soube fazer um esforço ou ativar uma invenção, criar coincidiu-me sempre com sonhar, querer ou desejar, e fazer gestos com o sonhar os gestos que desejaria poder fazer.

Fernando Pessoa

2.9.10

499. Do Livro do Desassossego - XIX

Que seria do mundo se fôssemos humanos? Se o homem sentisse deveras, não haveria civilização. A arte serve de fuga para a sensibilidade que a ação teve que esquecer.

Fernando Pessoa

1.9.10

498. Do Livro do Desassossego - XVIII

Nunca se deve invejar a riqueza, senão platonicamente; a riqueza é liberdade.

Fernando Pessoa

31.8.10

497. Do Livro do Desassossego - XVII

Tu, que me ouves e mal me escutas, não sabes o que é esta tragédia! Perder pai e mãe, não atingir a glória nem a felicidade, não ter um amigo nem um amor – tudo isso se pode suportar; o que se não pode suportar é sonhar uma coisa bela que não seja possível conseguir em ato ou palavras.

Fernando Pessoa

30.8.10

29.8.10

495. Do Livro do Desassossego - XV

O tédio… Quem tem Deuses nunca tem tédio. O tédio é a falta de uma mitologia. A quem não tem crenças, até a dúvida é impossível, até o ceticismo não tem força para desconfiar. Sim, o tédio é isso: a perda, pela alma, de sua capacidade de se iludir, a falta, no pensamento, da escada inexistente por onde ele sobe sólido à verdade.

Fernando Pessoa