7.4.12

1024. Um vício desde o início

Quem lhe disse que cocaína vicia, querida? Cheiro isso há anos e nunca me viciei!

Tallulah Baknhead

1023. Um divórcio do Caribe

Eu e minha mulher ficamos na dúvida entre tirar férias ou nos divorciarmos. Optamos pela segunda hipótese. Duas semanas no Caribe podem ser divertidas, mas um divórcio dura para sempre.

Woody Allen

5.4.12

1022. Um sonho…

Meu sonho é dever muito, não ter nada e, o resto, deixar para os pobres.

François Rabelais

4.4.12

3.4.12

1020. Relação fundamental

Mesmo o homem mais racional precisa, de tempo em tempo, novamente da natureza, isto é, de sua ilógica relação fundamental com todas as coisas.

Nietzsche

2.4.12

1019. Momentos

Se agarrares o momento antes que ele esteja maduro, as lágrimas do arrependimento tu decerto colherás; mas, se o momento certo alguma vez deixares escapar, as lágrimas do pesar tu jamais apagarás.

William Blake

1018. O último dia

Olhe sempre o último dia. Não considere nenhum mortal feliz até que ele tenha morrido.

Sófocles

1017. Inside

Como é por dentro uma pessoa? Quem é que o saberá sonhar? A alma de outrem é outro universo, com que não há comunicação possível, com que não há verdadeiro entendimento. Nada sabemos da alma senão da nossa; as dos outros são olhares, são gestos, são palavras, com a suposição de qualquer semelhança ao fundo.

Fernando Pessoa

1016. Conhece-te a ti mesmo

Sócrates: Eu, de minha parte, certamente não disponho de tempo e digo-lhe o porquê, meu amigo. Eu ainda não pude, até este momento, - "conhecer-me a mim mesmo", como a inscrição em Delfos recomenda, e, enquanto durar esta ignorância, parece-me ridículo investigar assuntos remotos e alheios. Consequentemente, não me preocupo com tais coisas, mas aceito as crenças correntes sobre elas, e dirijo minhas investigações, como acabei de dizer, para mim mesmo, a fim de descobrir se sou de fato uma criatura mais complexa e inflada de orgulho que Tifão [monstro mítico de cem cabeças], ou um ser mais gentil, mais simples, que os céus abençoaram com uma natureza serena e não tifônica.

Platão

1015. A pálida inteligência

Em algum remoto rincão do universo cintilante que se derrama em um sem-número de sistemas solares, havia uma vez um astro em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da "história universal": mas também foi somente um minuto. Passados poucos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram de morrer. — Assim poderia alguém inventar uma fábula e nem por isso teria ilustrado suficientemente quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza. Houve eternidades em que ele não estava; quando de novo ele tiver passado, nada terá acontecido. Ao contrário, ele é humano, e somente seu possuidor e genitor o toma tão pateticamente, como se os gonzos do mundo girassem nele. Mas se pudéssemos entender-nos com a mosca, perceberíamos então que também ela bóia no ar com esse páthos e sente em si o centro voante deste mundo.

Nietzsche

1014. A guerra das ideias

A guerra das ideias é uma invenção grega — uma das invenções importantes de toda a história. De fato, a possibilidade de lutar com palavras, em vez de lutar com armas, constitui o fundamento da nossa civilização — especialmente das suas instituições legais e parlarmentares. [...] Basta lembrar que as guerras religiosas foram guerras de ideias, assim como todas as revoluções, para sentir como as ideias adquiriram poder desde a época dos gregos. Embora essas á tenham sido mais frequentemente falsas e perniciosas do que verdadeiras e benéficas, há sempre uma certa tendência para que algumas das melhores sobrevivam, desde que encontrem apoio suficientemente poderoso e inteligente. [... ] O poder das ideias, em especial das ideias religiosas e morais, é pelo menos tão importante quanto o dos recursos físicos.

Karl Popper

1013. Verdade

A verdade é o que é, e segue sendo verdade, ainda que se pense o revés.

Antonio Machado

1012. A promoção da Ciência

A ciência foi promovida nos últimos séculos, em parte porque com ela e mediante ela se esperava compreender melhor a bondade e a sabedoria divinas — o motivo principal na alma dos grandes ingleses (como Newton) —, em parte porque se acreditava na absouta utilidade do conhecimento, sobretudo na íntima ligação de moral, saber e felicidade — o motivo principal na alma dos grandes franceses (como Voltaire) —, em parte porque na ciência pensava-se ter e amar algo desinteressado, inócuo, bastante a si mesmo, verdadeiramente inocente, no qual os impulsos maus dos homens não teriam participação — o motivo principal na alma de Espinosa, que, como homem do conhecimento, sentia-se divino: — graças a três erros, portanto.

Nietzsche