É o horror de existir em um corpo humano cujas faculdades declinam, é uma insônia que se mede por décadas e não com ponteiros de aço, é o peso dos mares e pirâmides, de antigas bibliotecas e dinastias, das auroras que Adão contemplou, é não ignorar que estou condenado a minha carne, a minha detestada voz, a meu nome, a uma rotina de lembranças, ao castelhano, que não sei manejar, à nostalgia do latim, que não sei, a querer mergulhar na morte e não poder mergulhar na morte, a ser e continuar sendo.
Jorge Luis Borges
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