22.11.11

913. Assim falou Paulo Francis (3 de 10): África do Sul

De Klerk e todo mundo diz que o ou "a" apartheid é uma chaga na nossa civilização. Waaal, moralmente é. Não se devem segregar as pessoas racialmente. Mas com toda a franqueza eu não quero que os crioulos tomem o poder na África do Sul. Ninguém ciente das condições do país quer, mas as patrulhas impe­dem que essas pessoas "iluminadas" falem. Porque não há, em pri­meiro lugar, negros, essa generalização sem sentido algum e sem individualizar ninguém. Há negros de diversas tribos que se odeiam e que, uma vez no controle do país, entrariam em guerra civil inter­minável, como os zulus, por exemplo, matando, certamente, muito mais gente do que os afrikaners mataram em séculos. Uma boa cho­radeira sobre o destino cruel de Nelson Mandela sempre rende aplausos fáceis. Mas eu me lembro dele solto (uma das raras vanta­gens de se ser de uma certa idade) e que queria estabelecer o marxismo-leninismo, vulgo stalinismo, na África do Sul. Nem de longe é o líder dos quase 20 milhões de negros do país. É o líder de uma das muitas facções, da tribo shosha. Gente admirável como o arce­bispo Tutu, que faz o que pode para conter a violência tribal, não sobreviveria a uma luta pelo poder entre Mandela, zulus etc., por­que, já dizia Mão Tsé-tung, o poder nasce do coldre de um revólver. Sou racista por isso? Sou favorável a uma gradual imersão dos negros na vida política da África do Sul e acho que devem ter todos os direitos, o que inclui a oportunidade de se tornarem mão-de-obra qualificada e ganhar direito de tomarem o poder. Talvez se devam criar câmaras municipais para eles, como foram criadas para os indianos (a quem os revolucionários negros querem matar). Eu disse claramente o que pensava dos afrikaners, a eles próprios, em conversas em “Jo’Burg”, como chama a cidade mais civilizada do país (Johannesburg), mas fui forçado a reconhecer as realidades de poder acima. Há situações para que simplesmente não exista uma solução clara e sentimentalmente satisfatória.

Nenhum comentário: