20.11.11

911. Assim falou Paulo Francis (1/10): Aborto

Li o artigo de Amanda Craig no Spectator inglês, um mar­co jornalístico, descrevendo um aborto legal na Inglaterra (desde 1967), a indiferença plácida do médico, sempre chamado curiosa­mente por Amanda de "mr." e não de "dr.", que diz ser contra o aborto, em princípio, e que desaconselha as grávidas, mas que acha um mal menor, porque a maioria das pacientes é jovem demais, dro­gada demais e pobre demais. Diz o "mr." que entre 25% e 30% dos médicos na Inglaterra são contra o aborto. As mulheres a favor acu­sam Amanda Craig de ser católica. As descrições dos pedaços do feto saindo da mulher são lancinantes, apesar de não adjetivadas (talvez por isso sejam tão fortes). A antiaborto quase grita que Amanda escreve que feto de seis meses não grita, mas que ela, a antiaborto, perdeu um feto de seis meses, por aborto involuntário, e que o leio, aos seis meses, pegava na mão dela. Assunto em que homem não pia, obviamente, o aborto, mediante o cumprimento de certas condições. A princípio, eu achava questão líquida em favor do aborto. Como muitas deduções tiradas de abstrações intelectuais, a experiência foi modificando essa posição. Sempre achei que os religiosos antiaborto querem controlar a vida sexual das mulheres e não vejo motivo para mudar de opinião. Mas ao mesmo tempo o descaso com que engravidam e "despacham" fetos para o além, o que quer que seja o além, me cansa um certo asco. Um milhão e meio de abortos por ano. É demais. O aborto pode ser, e muitas vezes é, talvez, necessário, mas é degradante. Que sorte bnão ser mulher.

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